terça-feira, 16 de outubro de 2007

23/06/2006
Contaminação misteriosa

Produto químico ainda não-identificado causa dor de cabeça e náuseas em moradores de loteamento





(Dona Amélia é uma das vitimas)


Por Cilene Brito
Um produto químico ainda não-identificado foi despejado clandestinamente, na noite de quarta-feira, na entrada do Loteamento Parque Real Serra Verde, distrito de Camaçari, que fica a 100m da Estrada da Cascalheira. O cheiro forte do produto, que se assemelha ao do GLP (gás de cozinha), está causando mal-estar nos moradores da região, que se queixam de fortes dores de cabeça e náuseas. A Defesa Civil do município isolou as entradas de acesso ao loteamento que possui cerca de 300 pessoas.
Aproximadamente dez mil litros do produto químico foram despejados numa área de cerca de dez mil metros quadrados. Equipes do Centro de Recursos Ambientais (CRA), da Secretaria de Saúde do Município, da Cetrel e Pólo Petroquímico estiveram no local para avaliar os danos causados pelo produto, mas ainda não há confirmação de que o líquido é tóxico. Segundo o secretário de Defesa Civil, Ademar Lopes Fernandes, amostras do produto foram coletadas pelos órgãos para análise e somente após os resultados poderá ser avaliado o risco de contaminação.
Os moradores afirmam que o cheiro forte começou a se espalhar no início da noite de ontem, mas, por enquanto, não há suspeitos. A Defesa Civil afirma que grande parte do produto se espalhou pela região, em função da chuva que caiu durante a madrugada. Diversos poços e cisternas foram atingidos. Por causa do risco de contaminação, os moradores foram orientados a não consumirem a água. Pequenos animais da região já foram encontrados mortos.
Abrigo - Metade das famílias já deixou o local e foi para casa de parentes e amigos. A Defesa Civil está tentando retirar o restante das famílias que estão no local. O órgão está oferecendo abrigo num centro comunitário do município para as pessoas que não têm para onde ir. Quem permaneceu no loteamento até a tarde de ontem se queixava de dor de cabeça e mal-estar. Para diminuir o efeito do cheiro, a dona de casa, Alzerina Barbosa, 69 anos, usava uma máscara de pano no nariz. Ela diz que não conseguiu dormir durante a noite por causa do odor forte do produto. "Ninguém dormiu aqui em casa. Senti muita dor de cabeça e náuseas. Hoje cheguei a passar mal na rua", conta.
A dona de casa Amélia Conceição dos santos também se queixava de dor e náuseas. "Acordei vomitando hoje (ontem) pela manhã", conta. Na sua casa, todas as pessoas se sentiram mal. A mais prejudicada foi sua neta, de apenas 1 mês, que chegou a ser levada para o hospital com sintomas de problemas respiratórios.
Uma das casas mais atingidas foi a do pedreiro Roque dos santos, 28 anos, que mora próximo ao local do despejo. Ele encontrou quatro galinhas mortas no quintal e diz temer o risco de contaminação. "O cheiro é muito forte. Desde às 7h de ontem, estou sentindo dor de cabeça e incômodo", diz. Para o conselheiro municipal de meio ambiente e articulador da associação de moradores do loteamento, Arailton Rodrigues(Rodrigo), 38 anos, a ação foi um ato de irresponsabilidade. "Isto foi um ato de desrespeito ao ser humano", lamenta.
O secretário de Defesa Civil, Ademar Lopes Fernandes, afirma que o despejo do produto se trata de um ato criminoso. De acordo com ele, a Polícia Civil já instaurou um inquérito para investigar os responsáveis pela ação. No fim da tarde de ontem, um caminhão de sucção foi até o local para começar a retirada do produto, que será encaminhado para a Cetrel. A operação deve ser finalizada hoje.

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