quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

3 Anos de Contaminação, Sofrimento Omissão e Impunidade em Camaçar

Foto da Ocupação do Ministério Publico em Salvador


Há três anos,a comunidade do Parque Real Serra Verde(Cascalheiras)em Camaçari-BA,
região do Pólo Petroquímico, sente as conseqüências da contaminação provocada pelo despejo de substâncias químicas em terreno da comunidade.


Na época, na tentativa de minimizar o tamanho da tragédia, as autoridades responsáveis pelas investigações sonegaram informações sobre os reais produtos encontrados no solo, que posteriormente soube-se que eram basicamente inseticidas e pesticidas, os quais provocaram a intoxicação de vários moradores, além da morte de animais e plantações. Laudos revelam que os solos e águas subterrâneas do local encontram-se infectados. Segundo a Promotoria de Justiça Estadual,todos os moradores cadastrados, e não apenas uma pequena parcela destes, deveriam ser submetidos ao exame toxicológico. Além disso, as informações fornecidas pelo laboratório do Instituto Hermes Pardini, responsável pela investigação toxicológica, ao Ministério Público Estadual dão conta de que foram 48, e não 33 pessoas, que nas amostras de sangue detectou-se alterações laboratoriais.


A análise do solo constatou a presença de substâncias como organoclorados e organofosforados, e como a comunidade não tinha conhecimento dessas substâncias, procuraram um especialista, o Dr. Juscelino Neri,que informou o que essassubstâncias poderiam causar ao ser humano:atrofiamento testicular,redução espermática,lesão hepática,alteração congênita,alteração no DNA,leucemia,mal de Parkinson,aceleração do processo cancerígeno a curto,a médio e,Principalmente a longo prazo.


A comunidade vive de economia de subsistência, os resultados da análise do solo e dos exames médicos, detectaram inseticidascomo endosulfan 1 e endosulfan 2 cuja aceitabilidade no organismo é zero. Assim, a maioria das pessoas está enferma e sem atendimento, alem de não poder mais vender nem consumir os produtos cultivados por estarem contaminados. Estes,então se dirigiram ao Pólo Petroquímico de Camaçari, que é quem produz ou usa na formulação deprodutos químicos,e lá acamparam por 15 dias.A reivindicação no Pólo era: Realização dos exames nas pessoas que ainda não tinham feito(!); Medicamentos; e Auxílio na renda familiar que amenizasse os prejuízos. E enviaram a seguinte proposta, que enquanto não se apontasse o
culpado, o Município ou as empresas do Pólo disponibilizassem de três a quatro salários mínimos mensal e uma cesta básica de 50 quilos. Mas aceitaram que iriam disponibilizar somente dois salários mínimos, que na hora H a prefeitura de Camaçari não cumpriu; naquestão da saúde, se comprometeram a realizar os exames médicos e exames toxicológicos e a prestar os medicamentos; e todo mês durante um ano e dois meses o município iria providenciar uma cesta básica não de 50 quilos, mas de 40 quilos no valor de duzentos aduzentos e cinqüenta reais durante esse período. Depois do acordo, levantaramacampamento, acreditando que o Município iria cumprir com tudo. Mas o Município não cumpriu.


E mais uma vez a comunidade se acorrentou, dessa vez no Ministério Público em Salvador , há um ano e meio, aproximadamente,ficando acampados 16 dias. As reivindicações se pautam no de sempre, apenas as cestas básicas estão sendo entregues:Tratamento médico adequado às vítimas; Disponibilidade dos relatórios para a comunidade; Reversão do processo de impacto ambiental; Maior interesse do Ministério Público de Camaçari no caso, sem protecionismo para o Município e os culpados.


Em Julho de 2009,as Vitimas,manifestaram-se contra a Prefeitura de Camaçari por esta não cumprir os acordos feitos com a Associação das Vítimas de Substancias Químicas, nem,sequer, atender as determinações de Liminar da Justiça. A administração municipal garantiu que vai continuar a distribuição mensal das cestas básicas, de 41 quilos, e que vai realizar um estudo do impacto ambiental na flora, fauna e lençol freático, além do recadastramento das pessoas contaminadas e a construção de um Centro Sócio Ambiental e Cultural. Acomunidade espera que dessa vez a prefeitura cumpra seus acordos, o que não vem acontecendo até a presente data(Janeiro de 2009).


O texto foi adaptado do Site:Centro de Mídia Independente, por motivo de espaço p/ folha de papel A 4

Inf. www.midiaindependente.org///
rodrigo-socioambiental.blogspot.com///
Associação das Vitimas de Substancias Químicas do Parque Real Serra Verde